22 dezembro 2009

A linha 1A do metro carioca é a solução, ou o início de um novo problema?

A linha 1A do metro do Rio de Janeiro será inaugurada hoje, com a presença do governador Sergio Cabral e do Presidente Lula(uma espécie de presente de natal aos cariocas). Ela é anunciada como solução para  problemas como o de superlotação do metro do Rio de Janeiro, do martírio dos usuários da Linha 2 que hoje são  obrigados a fazer o transbordo na estação Estácio e  alegadamente possibilitará que o sistema passe a transportar 1,1 milhão de passageiros/dia, além de permitir uma série de novas integrações, especialmente na linha 2...

A linha 1A do metro do Rio de Janeiro será inaugurada hoje, com a presença do governador Sergio Cabral e do Presidente Lula(uma espécie de presente de natal aos cariocas). Ela é anunciada como solução para  problemas como o de superlotação do metro do Rio de Janeiro, do martírio dos usuários da Linha 2 que hoje são  obrigados a fazer o transbordo na estação Estácio e  alegadamente possibilitará que o sistema passe a transportar 1,1 milhão de passageiros/dia, além de permitir uma série de novas integrações, especialmente na linha 2.
Conforme já foi dito neste blog, o sistema de metro do Rio de Janeiro até agora possui duas linhas: Uma é a linha 1 que vai da Praça Saens Peña no bairro da zona norte chamado Tijuca (bairro de classe média) passando pelo centro da cidade até a estação de Cantagalo em Copacabana, na zona sul (área de Classe média e alta) . A outra é linha 2 que vai do bairro carioca da Pavuna, trazendo passageiros da zona oeste, baixada fluminense e bairros suburbanos da zona norte(parcela da população que realmente usa o transporte de massa como alternativa ao ônibus e trem, e não ao carro particular) até a estação do Estácio, onde se integra a linha 1. O projeto original da linha 2 previa que a mesma iria não simplesmente até o Estácio, mas até o centro da cidade, na estação Carioca da Linha 1 que já existe, com a construção de uma estação intermediária na Praça da Cruz Vermelha. Como isso não foi feito, a estação do Estácio, como não foi projetada como estação terminal e sim como uma das duas estações de transferências entre as linas 1 e 2 (a outra seria a Carioca), a mesma passou a ficar congestionada, causando grande sofrimento para a população.
A concessionária, para conseguir o prolongamento do seu  contrato de conce$$ão até até 2038 sem grandes despesas, propôs ao governo do estado do Rio de Janeiro ao invés de seguir o planejamento inicial, fazer um remendo. Aproveitar um viaduto de manobras de trens da linha 2 para o centro de manutenções e outro túnel usado para manobras deste mesmo centro para a linha 1 e interligar as duas linhas. Seria uma tacada de mestre, dobrar a capacidade do sistema sem ter que arcar com a construção um trecho subterrâneo entre o estácio e a estação carioca no centro do Rio.
Mas como todo remendo, tem suas falhas:
1)A alegada diminuição no intervalo entre trens de 4 para 2 minutos será somente entre a estação Cental e Botafogo, desafogando certamente  a linha 1, mas não na linha 2, que mesmo com sinalização moderna, como seus trens compartilham um trecho com a linha 2, o  intervalo não poderá ser reduzido.
2)A linha 2 foi projetada para trens de 8 carros, mas a linha 1 para trens de 6 carros. Mesmo com um aumento da frota de carros, não se poderá usar esta capacidade extra, pois o trecho da linha 1A não suportaria.
3)A parcela mais carente seria beneficiada por poder pegar um trem em Coelho Neto(bairro da Zona norte) e chegar ao centro da cidade ou a zona sul sem ter que mudar de trem, mas como a linha 2 continuará sobrecarregada, continuará tendo que pegar o trem para a Pavuna para conseguir entrar nos carros superlotados, pois o intervalo continuará o mesmo e o que é pior, sem a possibilidade de colocar mais dois carros nas composições para aumentar a oferta de lugares, mesmo que isso seja possível na linha 2, pois o trecho na linha 1 não suporta.

Como vemos, a solução chamada linha 1A foi ótimo para a concessionária, pois conseguiu em tempo recorde e por uma pechincha dobrar a capacidade de faturamento do sistema e o tempo de concessão, para o governo do estado que conseguirá o marketing político de construir 2 estações em 4 anos e acabar com o problema da trasferência no estácio e para a população da zona norte classe média(grande tijuca), zona sul e central, pois o metro passará a funcionar para eles de 2 em 2 minutos. Mas não para a população da baixada e da zona norte operária que pega o metro para ir trabalhar pois, sem ele, terá que pegar ônibus igualmente lotado, so que sem ar condicionado e preso no engarrafamento.
Quando começarem com as tais novas integrações que atualmente não disponibiliza alegadamente devido à saturação do transbordo no Estácio, a linha 2 ficará ainda mais saturada e o sofrimento será ainda maior. Só que não poderão simplesmente comprar mais carros e diminuir o intervalo entre as composições, pois a linha 2 está amarrada a linha 1. Isto somente será possível se fizerem o que já era para estar pronto:
1)Construir o trecho subterraneo entre o estácio e a Carioca, construindo a estação Cruz Vermelha e ativando o piso da estação Carioca já construído  para integrar com a linha 2.
2)Separar a linha 1 da linha 2, possibilitando a dimuinição do intervalo entre os trens de 4 para 2 minutos, como a tecnologia atual já permite.
3) Aproveitar o maior tamanho das plataformas da linha 2, colocando trens de 8 carros.
Resumindo, a linha 1A é um remendo barato que serve aos interesses dos poderosos e não da maioria da população. É um absurdo que tem que ser corrigido o mais rápido possível, pois a população carente não merece este presente de grego.
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Fontes:

Um comentário:

  1. Meus amigos, após pouco mais de um mês de operação da linha 1A, podemos tirar algumas conclusões:
    1)Ao contrario do que a concessionária falou, o tempo médio entre as composições aumentou, e aumentou muito;
    2)A princípio, os trens da linha 1 estavam mais vazios, mas era uma primeira impressão, pois a linha foi inaugurada fora do período escolar, vamos ver depois do carnaval
    3)Ainda vai demorar um pouco até que os novos trens cheguem, mas até lá o pouco benefício de acabar com o transbordo em Estácio pode ser anulado pelo aumento do número de usuários, causando consequente sobrecarga do sistema(será que ela ainda não chegou?)
    4)Quero ver depois que os novos trens chegarem, qual será a desculpa para os problemas do metro.

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